Ultimamente em minha prática do dia-a-dia, encontro cada vez mais os clientes-pacientes buscando recursos para realizar tratamentos naturais no couro cabeludo e fios de cabelos. Em decorrência disso, resolvi escrever para vocês alguns dos tratamentos e ativos terapêuticos que possuem maiores benefícios e que também foram estudados cientificamente.
TRATAMENTOS NATURAIS PARA OS CABELOS COM OS ÓLEOS ESSENCIAIS E VEGETAIS (ATIVOS NATURAIS).
Oriento sempre, que procurem um profissional da área da Saúde e Beleza como médicos dermatologistas e tricologistas, tricologistas não médicos, terapeutas capilares, naturólogos, osmologistas, entre outros. Eles farão uma avaliação com a finalidade de saber qual o ativo, dose e forma de uso adequados para atingir o resultado desejado.
Entendo que os tratamentos home care (realizados em casa) contribuem para resultados positivos desde que os próprios clientes-pacientes sigam corretamente as orientações dos profissionais, dando atenção especial para a marca e para o método de preparo dessas matérias-primas naturais. Alguns cuidados são necessários ao adquirir esses produtos, como por exemplo: comparar os mesmos entre si, procurar saber sobre o método de extração e se possuem misturas em relação aos óleos essenciais e vegetais. É importante também verificar a embalagem a qual deve estar numa tonalidade fraca de coloração âmbar para proteger os compostos dos raios solares e de oscilações de temperatura.
Abaixo farei um pequeno descritivo sobre a utilização de óleos essenciais e vegetais:
Óleo Essencial de Alecrim: O nome científico é Rosmarinus offcinalis leaf oil. Tem sua extração por destilação e possui um aspecto transparente. O mesmo tem como efeito fisiológico o aumento da circulação local, capacidade mucolítica (descongestionante), apoio aos lipolíticos, podendo ter ação antisséptica e cicatrizante. Dessa forma, sua utilização é justificada quando pensamos em estimular e fortalecer a pele ou cabelo. Na terapia Capilar é um óleo que dá força ao sistema capilar, ajuda a mitose no bulbo piloso (por meio da multiplicação celular) e melhora a circulação periférica local. Deve ser diluído com óleo vegetal de jojoba e abacate para não causar alergia no local e assim melhorar a permeação.
Óleo Essencial de Cedro: O nome científico é Juniperus virginiana oil. Teve sua origem nos Estados Unidos, sendo extraído pela destilação e hidrofusão. É transparente e levemente amarelado. É eficaz no tratamento de queda capilar, principalmente a masculina e age fortalecendo e engrossando os fios. Atua no controle da seborreia (quando há muita produção de gordura) e caspa. A aplicação desse óleo deve ser combinada com o óleo essencial de alecrim e óleo vegetal de jojoba e abacate.
Óleo Essencial de Melaleuca: O nome científico é Melaleuca alternifolia leaf oil. Teve sua origem na Austrália e é extraído por destilação a vapor d’água, tendo seu aspecto de óleo claro, transparente e amarelo com ínfimo toque esverdeado. Na terapia capilar é mais utilizado no couro cabeludo atuando nos excessos de sebo produzidos pela glândula sebácea, tendo muito uso no tratamento de seborreia, caspa e psoríase. Tem efetividade em aliviar dores ocasionadas por infecções e possui um aroma fresco, herbal e desinfetante. Em virtude destes odores se faz necessária a sinergia de mais um, ou dois óleos de origem cítrica (Lemon Grass, Grapefruit ou Laranja Doce).
Óleo Essencial de Lavanda: O nome científico é Lavandula Angustifolia oil. De origem francesa, é extraído por destilação e vapor d’água. É um óleo mais tradicional e conhecido do mundo, indicado no tratamento de psoríase, caspa e dermatites em geral. Ajuda a cicatrizar e hidratar o local lesionado e seus efeitos (tanto físicos quanto químicos) se caracterizam como calmantes, tranquilizantes e soníferos.
ATENÇÃO QUANTO AO USO: Os óleos essenciais de Melaleuca, Lavanda e Mentha Piperita são os únicos que poderão ser utilizados sem diluição, mas isso não é válido para todo caso. Por isso se faz necessária uma avaliação criteriosa de um profissional habilitado.
Óleo Vegetais: Também conhecidos como carreadores. Quando falamos em cabelos, os óleos vegetais de abacate e jojoba são os mais utilizados. Veja abaixo os motivos:
1. Fácil aplicabilidade;
2. Não possui moléculas pesadas de ácidos graxos, as quais acabam causando um aspecto “engordurado” nos cabelos;
3. Fácil remoção após a terapêutica realizada;
4. Possuem características ímpares e únicas, adequadas às características do couro cabeludo;
5. Existem outros óleos, como os óleos vegetais de macadâmia e pracaxi que possuem indicações mais específicas e podem ser muito úteis dependendo da situação.
Óleo de Abacate: É o único que possui em sua composição 86% de ácido oleico; importante para o couro cabeludo. É o principal componente que atua melhorando a qualidade do manto hidrolipídico (responsável por manter a hidratação, controlando a evaporação de água através da pele, contribuindo para a proteção da nossa flora cutânea). Auxilia também na proteção das camadas do estrato córneo e na adesão entre as células epiteliais (ou seja, melhora a resistência da pele).
Óleo de Jojoba: O óleo de jojoba é também muito importante para o couro cabeludo, mais até para os fios porque tem um alto poder de reconstrução, pois possui em sua composição 45% de álcoois graxos que é uma molécula de átomo de carbono que ajuda a fazer ligações moleculares; serve como emulsificante o qual na verdade é criado quando temos uma base oleosa e uma aquosa e as misturamos; basicamente criamos uma emulsão. Por isso a sinergia desses óleos nos dá a condição de tratar o cabelo e o couro cabeludo ao mesmo tempo, e além de tudo associar os óleos essenciais que são moléculas voláteis ao ambiente, mas quando misturadas a óleos carreadores não se dissipam com facilidade.
Conversamos também com a Dra. Anaflávia Oliveira, tricologista certificada pela International Association of Trichologists, sobre os tratamentos naturais. Ela fez algumas outras observações importantes:
• É importante relembrar que o que separa um medicamento de um veneno é a dose. Isso ocorre até mesmo com os alimentos e não é diferente com os ativos cosméticos naturais. O uso de forma inadequada pode causar muitos problemas;
• Estudos têm demonstrado que as sinergias (combinações e misturas entre vários fitoterápicos e óleos essenciais) aumentam a eficácia em comparação à utilização de uma única substância. De qualquer forma, as sinergias devem ser preparadas por profissionais especialistas em Saúde e Beleza para evitar toxicidade e efeitos colaterais existentes também nos ativos naturais;
• Realmente, os produtos naturais de boa qualidade (procedentes de empresas idôneas) que são encontrados no mercado atual, apresentam uma incidência menor de alergias e irritações, principalmente nos casos de peles sensíveis e alérgicas em comparação aos produtos com ativos sintéticos. Isso não significa isenção de alergia. O produto natural pode sim causar alergias, inclusive aquelas de teor mais grave;
• Em caso de alergia ou irritação de pele, mesmo quando você já utiliza o produto por muitos anos, procure o médico. Há vários testes de alergias disponíveis no mercado (incluindo o de cosméticos) os quais são muito importantes para prevenir as recorrências;
• Sou adepta dos tratamentos naturais e tenho acompanhado excelentes resultados para couro cabeludo e fios de cabelos. Em muitos casos, para que o resultado seja alcançado, é necessário um profissional experiente, pois a forma de preparo e aplicação nos cabelos fazem toda a diferença. O ativo ou produto sozinhos, não fazem milagres;
• Além de cuidar da saúde, o conceito de produtos naturais em empresas com qualidade, estende-se e garante a sustentabilidade desde a plantação, colheita e preparo, até a distribuição do produto com a finalidade de reduzir ao máximo, o impacto no meio ambiente e nos animais (cruelty free).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
- Manual Técnico Aromaterapia Aplicações de Óleos Essenciais. 2ª. ed. WNF World’s Natural Fragrances – Óleos Naturais;
- A Ciência do Cabelo. O livro indispensável do profissional cabeleireiro. 2ª. Edição revisada e atualizada. Luis Carlos Carraro, Maio/2010.